Descrição
O método de Oswald de Andrade – Segunda Edição (2017)
Autor: Ricardo Baitz
96 páginas, 211x148mm
Trata-se de um livro-jogo que, metodologicamente, analisa a vida e a obra do incatalogável Oswald de Andrade. A análise das obras do escritor, entrevistas e depoimentos, tanto reverbera a interpretação feita pela crítica (Antonio Cândido, Maria Augusta Fonseca, Mário da Silva Brito) quanto ganha novos contornos pela leitura metodologicamente possível a partir da obra de Henri Lefebvre e René Lourau, pois Oswald não se ateve ao método formal indutivo-dedutivo, mas praticou – sem dizer – variados métodos não-formais, dentre os quais destaca-se a implicação e a transdução. É o livro inaugural da Editora Tiragem Livre, e o autor – Ricardo Baitz – é doutor em Geografia Humana. A primeira edição trouxe um argumento principal consistente, mas pecou pela forma, extremamente tradicional: apresentou-se com um “livro” que não era mais que “um livro” (impresso em retrato). A segunda edição desfez esse erro, e apresenta um profundo progresso: além de dar o formato próprio da editora (qual editora publica livros em formato tão inusitado quanto o de 211x148mm?), trouxe quatro prefácios e dois posfácios que, ao dialogar com a vida e os enfrentamentos de Oswald, apresentam a condição dos autores no Brasil, o mercado editorial, o acesso feito pelos acadêmicos às obras. Não se trata de descricionismo, pois para além da contextualização da época, forjam-se os fundamentos críticos mais internos. Adepto da Análise Institucional francesa, o autor apresenta a superação dessa crítica, pela teoria e pela prática: o conjunto de prefácios e posfácios revelam a prática crítica pela oposição não formal, mas combinando-se em sentido antagônico ao que a sociedade mercantil propõe. O autor torna-se um contra-autor, o editor passa a ser um contra-editor e a própria editora que viabiliza o livro, Tiragem Livre, se revela uma contra-editora ao inverter o sentido do mercado, permitindo inclusive a reprodução da obra com um termo de reprodução ao final do livro. E não há inocência nos termos escolhidos pelo autor: trata-se de levar adiante as ideias defendidas em seu doutorado em Geografia Urbana, quando forjou-se o conceito de contra-propriedade (superação possível ao binarismo propriedade e não antipropriedade). Revela-se, portanto, um livro necessário a pesquisadores de diversas áreas, especialmente àqueles que analisam o capitalismo e as modernas formas de propriedade – que inclui a terra. Se o próprio autor encarregou-se de tecer os prefácios e posfácios, diagramar e publicar o livro (ironia por um lado, posicionamento por outro lado: trata-se de um sujeito que busca a reconciliação em um mundo fragmentado), as orelhas são feitas por Amélia Luisa Damiani, da cadeira de Geografia da Universidade de São Paulo e Maria Eugênia Macedo, professora de Língua Portuguesa de diversas faculdades particulares. São orelhas longas, compatíveis com o formato escolhido, que bem poderiam prefaciar a obra.
O livro compreende o seguinte conteúdo:
Prefácios
Prefácio de um contra-editor
O editor Oswald de Andrade
Ensinamentos do escritor Oswald de Andrade
Persistindo nos bastidores: prefácio do Analista Institucional sobre seu escrito
O método de Oswald de Andrade
Introdução
Um profundo conhecedor da lógica formal
Um analista institucional que, para não desistir das instituições, as modifica
Um pensamento que pensa a sua atuação: Oswald a partir do conceito de implicação
A autocrítica e o ser mutante: metamorfoses de um pensamento
À procura de uma classificação: um materialismo mágico ou fantástico
Uma crítica infra e ultra racional: a transdução
Encaminhamentos: provocações Oswaldradinas
Posfácios
Oswald: um autor compreendido?
O copyleft de Oswald: um defensor do comum
Referências bibliográficas
Permissão de reprodução
O livro dispõe de duas orelhas que muito bem constituiriam prefácios. A primeira orelha é escrita por Amélia Luisa Damiani; a segunda é feita por Maria Eugênia Macedo e desvendam o que a obra publiciza: o projeto editorial da Tiragem Livre, levado a cabo por intermédio de um livro-jogo, com vistas a convidar o leitor a dele tomar parte.
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